Pela unidade "A
gente precisa pesquisar na fonte de origem e devolver ao povo em forma
de arte, era isso o que meu pai dizia" Por Solange
Cavalcante Em 1988,
Raquel Trindade foi convidada para lecionar na Unicamp, mesmo não
tendo diploma universitário. Os conhecimentos transmitidos pelo
pai ilustre (cujo poema Tem gente com fome foi gravado por Ney Matogrosso)
e a luta contra a discriminação racial bastaram para que
ela desse aulas de folclore, teatro negro e sincretismo religioso. "Quando
cheguei lá", conta Raquel "só tinha um negro na
turma de graduação. Aí eu pedi à Universidade
para que fosse criado um curso de extensão para que eu pudesse
ensinar folclore à comunidade negra e às outras graduações".
Minha mãe
me deu uma surra E: Mas eu não
vou nesse samba com você "Isso
está no sangue", afirma Raquel. "Meu avô era velho
de pastoril, minha mãe me ensinava as danças e meu pai era
poeta. Meu filho está na Alemanha e minha filha na Bahia, ensinando
o samba-lenço rural paulista e o samba de bumbo. Meus netos estão
tocando. Em 1975, criei o Teatro Popular Solano Trindade, no Embu. É
a coisa de preservar e passar o que a gente sabe às pessoas. Não
é um trabalho só de carnaval, é da vida inteira".
Pirapora,
ê, Tietê Esses sambas
são cantados em responsório entre homens e mulheres, numa
roda. Na dança, os homens avançam, as mulheres recuam e
vice-versa. |