Sem-teto ocupam prédio durante o Fórum

O Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) aproveitou os holofotes voltados para a marcha de abertura do Fórum Social Mundial para chamar atenção para a "luta pela moradia"

Por Deborah Moreira

Porto Alegre, 1 de fevereiro de 2002 - Um grupo de 350 sem-tetos ocuparam o prédio de número 417, de 12 andares, da avenida Borges de Medeiros, na região central de Porto Alegre, local próximo à concentração da marcha.

Nas janelas do prédio, bandeiras eram agitadas, numa tentativa de chamar a atenção dos cerca de 50 mil participantes da marcha. Provavelmente, muitos deles não perceberam o que realmente acontecia, apesar dos gritos das lideranças que permaneciam em baixo do prédio, enquanto o restante do grupo completava a decoração das janelas.

Com a ocupação, que correu no dia 30, os manifestantes reivindicam a doação de apartamentos desocupados na região para as milhares de famílias cadastradas nos programas habitacionais do governo do Estado do Rio Grande do Sul.

"Além disso, nós exigimos a aprovação de um projeto de Moradia Popular, que prevê a regulamentação dos Conselhos e a criação de um Fundo Nacional de Moradia Popular", completou Edmar Cintra, uma das coordenadoras da executiva nacional do MNLM. O projeto foi feito em conjunto por movimentos populares de vários estados, e está parado no Congresso Nacional há 10 anos. A expectativa é de que ele seja novamente colocado em discussão e aprovado até abril de 2002, ano eleitoral.

A MNLM conta com o apoio de entidades internacionais como a União do Inquilino, da Itália, e a Droit Au Logement (DAL), da França. Segundo o coordenador da executiva estadual do Mato Grosso do Sul, Cleuton Soares, desde o momento da ocupação, cerca de 300 famílias foram cadastradas no local para os programas habitacionais.

Também estiveram no prédio um representante da Secretaria Estadual de Habitação e o coordenador de gestão urbana da ONU, Ivi Cabanes, para tentar uma negociação com o grupo. O prédio pertence à Sul América Seguros, que ainda não se manifestou.