O
Brasil mudou. O Fórum está de mala pronta. E o PSTU?
Por Rodrigo
Savazoni
EmCrise* – 26/01/2003
Durante a
semana que antecedeu o início das atividades do Fórum Social
Mundial, rumores circularam nos corredores da Pontifícia Universidade
Católica de Porto Alegre. O que diziam os ruídos? Os militantes
do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU) abririam uma faixa
na passeata com os dizeres: “Fora Lula, Fora FMI”, reeditando
o bordão da era-FHC. Não foi o que ocorreu. “Ôoô
Lula! Eu quero ver! O plebiscito da Alca acontecer!” Era esse o grito
de guerra que ecoava da boca dos trotskistas, que tingiram de rubro a avenida
Borges de Medeiros, durante a passeata de abertura do 3º FSM. A faixa?
“Lula, rompa com a Alca e o FMI”. Um pedido, não uma
imposição.
O partido trotskista – proveniente de um racha do Partido dos Trabalhadores
(PT) – demonstrou com esse ato o que dele já se esperava: irá
acompanhar criticamente os passos do governo Lula. Por outro lado, também
evidenciou que não fará uma oposição sistemática
ao novo presidente, como o fez com Fernando Henrique Cardoso em seus oito
anos de administração. Sinal dos novos tempos, que parecem
ser de mais consenso e menos de agressão. Essa relação,
no entanto, depende principalmente da postura do novo governo federal, que
não pode se esquecer de promover as mudanças estruturais as
quais a sociedade brasileira exige.
Sem um presidente para atacar, o alvo dos trotskistas, neste ano, foi o
presidente dos Estados Unidos da América, George W. Bush, cuja mãe
foi insistentemente ofendida durante os três quilômetros e meio
da avenida central porto-alegrense. Quem também foi lembrado, mas
não com muito carinho, foi o premier israelense Ariel Sharon, cujas
ações militares contra o povo palestino foram tachadas de
“nazistas e sionistas”.
À frente geográfica e politicamente das forças socialistas
representadas no FSM – entre as quais o boliviano Movimiento ao Socialismo
(MAS), cujo líder é o cocaleiro Evo Morales, e o argentino
Movimiento Socialista de Los Trabajadores (MST) –, o PSTU voltou a
defender a ruptura do governo federal com o Fundo Monetário Internacional
(FMI) e a saída do Brasil das negociações da Área
de Livre Comércio das Américas (ALCA). Esta, ao que se viu,
permanece como principal inimiga dos trotskistas brasileiros.
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