Ponto
de mutação
Por Igor
Ribeiro*
EmCrise 01/01/2003
Queria dividir
essa pequena, mas preciosa peça que pude ler no último caderno
JB Ecológico, do dia 18. O texto não estava até então
na net nem há outras reproduções "digitais"
em português, o que transforma esta versão em sua primeira
presença verdadeira na rede. Trata-se da reprodução
de um diálogo do filme "O Ponto de Mutação",
dirigido por Bernt Capra, baseado no livro de mesmo nome, escrito por
Fritjof Capra, um austríaco doutor em Física pela Universidade
de Viena e um dos fundadores do Centro de Eco-Alfabetização
de Berkeley, na Califórnia, além de ser um dos mais renomados
representantes do pensamento ecológico e sistêmico da atualidade.
É autor de O Tao da Física (1975), o Ponto de Mutação
(1982) e a Teia da Vida (1996) e falará no Acampamento da Juventude.
Esse texto já ilumina muita coisa em pouco mais de duas páginas.
Apesar de parecer ingênuo em seu começo, vale a pena a leitura
a ponto de convencer até mesmo os mais agnósticos na sua
retórica científica, bonita e simples. No filme, o trecho
a seguir é dito por uma cientista a um candidato democrata à
presidência dos EUA e a um poeta. E tais palavras reforçaram,
para mim, que para que o mundo melhore o homem atual deve procurar ser
menos cartesiano e produtivo, e mais ecológico e criativo. Eu tenho
tentado. Espero que vocês também curtam a idéia.
O Ponto
de Mutação
"Perdoem-me, mas vocês, políticos, dificultam as coisas.
As idéias da maioria de vocês, de direita ou de esquerda,
parecem-me antiqüadas e mecânicas como um relógio. Para
me explicar, eu preciso retroceder até Descartes, que foi o primeiro
arquiteto da visão do mundo como relógio. Uma visão
mecanicista que ainda domina especialmente vocês. É como
se a natureza funcionasse feito um relógio. Vocês a desmontam,
a reduzem a um monte de peças simples e fáceis de entender,
analisam-nas e, aí, pensam que passam a entender o todo.
Mas não foi sempre assim. Não antes de Descartes. Quando
ele introduziu isso, provocou uma ruptura revolucionária com a
Igreja. Descartes queria saber como o mundo funcionava sem a ajuda do
Papa, pois para ele, o mundo era só uma máquina. Aí
Descartes ficou fascinado pela máquina do relógio e fez
dele a sua principal metáfora: 'vejo o corpo como nada mais que
uma máquina'. Um homem saudável é um relógio
bem-feito, e um doente, um relógio malfeito. E funciona tão
bem que os cientistas passaram a acreditar que todos os seres vivos, plantas,
animais, nós, não passamos de máquinas, e isto é
falso. Isto tomou conta de tudo: arte, política etc.
Mas os tempos mudaram Precisamos de uma nova maneira de entender a vida.
A ciência já passou o pensamento mecanicista. Mas vocês,
políticos, parecem ainda ter essa máquina dentro de suas
cabeças.
A grande
dívida - Bem, tomemos o problema da superpopulação.
Nós não o resolveremos olhando as formas de contracepção
isoladamente. Pesquisas demonstram que o contraceptivo mais eficaz são
ganhos econômicos e sociais que reduziriam as famílias grandes.
Vocês sabiam que, no mundo todo, todo dia 40 mil crianças
morrem de desnutrição e doenças evitáveis?
Quase a todo segundo?
Mas estas curtas vidas não podem ser vistas isoladamente. Elas
são parte de um sistema maior, que envolve a economia, o meio ambiente,
e sobretudo à grande dívida do Terceiro Mundo.
O fardo dos empréstimos frenéticos não recai sobre
quem tem contas no estrangeiro ou empresas, mas sim sobre os que já
não têm nada! Há três anos, um presidente perguntou:
'Crianças devem passar fome para pagarmos a dívida?'
Tal pergunta foi respondida na prática, e a resposta foi 'sim',
porque, desde então, milhares de crianças do Terceiro Mundo
deram a vida delas para pagar a dívida de seus países e
outros milhões pagam os juros com corpos e mentes subnutridos.
O Brasil, por exemplo. Vocês sabiam que lá eles destroem
a Floresta Amazônica à razão de um campo de futebol
por segundo?
Por quê? Tentam pagar a dívida nacional com o gado e as terras.
Nem têm tempo para vender a madeira! Põem fogo na floresta!
E o desmatamento é uma das causas principais do efeito estufa na
atmosfera. Enquanto isto, nós gastamos na corrida armamentista!
Como vêem, vocês não podem olhar em separado os problemas
globais tentando entendê-los e resolvê-los. Claro que podem
consertar uma peça, mas ela vai quebrar de novo em um segundo,
porque se ignorou o que se conecta a ela. Precisamos mudar tudo de uma
vez, ao mesmo tempo. Os ideais, as instituições, os valores.
Todas essas novas tecnologias, comunicações e banco de dados
causam mais problemas do que os resolvem A medicina, por exemplo, avançou
espantosamenteem tecnologia, mas o seu custo subiu igualmente. Tornou-se
medicina para ricos. E a saúde pública não melhorou
muito, embora pudesse melhorar se apenas mudássemos nossos hábitos
alimentares.
Em vez disso, especialistas pensam em corações artificiais.
Se nossa agricultura nos alimentasse melhor, em vez de desmatar a Amazônia
para criar gado que tem carne vermelha e é uma das principais causas
dos enfartes, talvez não gastássemos tanto dinheiro com
corações artificiais. E por aí vai. São só
alguns exemplos de conexões.
Outro
princípio - A questão política é: 'Como
começar?' Mudando nossa maneira de ver o mundo. Vocês ainda
procuram a peça certa para consertar primeiro. Não vêem
que todos os problemas são fragmentos de uma só crise, uma
crise de percepção.
A medicina mecanicista, por exemplo, tem tido sucesso até certo
ponto, pois simplesmente bloqueia os mecanismos da doença E isso
não é curar. É como na política. Apenas mudam-se
os problemas de lugar. Os sistemas não encorajam a prevenção,
só a intervenção.
Não quero condenar o pensamento de Descartes, mas só reconhecer
suas limitações. Ver o mundo como uma máquina pode
ter sido útil por 300 anos, mas essa percepção, hoje,
além de errada, na verdade é nociva.
Precisamos de uma nova visão do mundo. O mundo muda mais rápido
que a percepção das pessoas. Não seria um grande
desafio político pular o abismo, informar, permitir que nos sintamos
responsáveis? O povo nem confia mais em vocês, políticos.
Na última eleição, só 50% deram-se ao trabalho
de votar.
A ciência moderna, a tecnologia e os negócios não
fizeram o que Bacon sugeriu: torturar o nosso planeta? Não podemos
mais nos esquivar. Não podemos correr o risco. As marés
estão diminuindo, talvez por causa do lixo jogado na baía,
ou dos fertilizantes. Lagos podem morrer, oceanos inteiros ficam poluídos,
o solo, as florestas, as águas, envenenados, mortos! As coisas
mudam tão rápido nas mãos do homem. A natureza se
fragiliza, a chuva toma-se ácida.
Há dois grandes princípios em todo ser vivo: o masculino,
que é dominador, agressivo, seja lá o que for; e o feminino,
que é nutriente, gentil! Esses princípios costumavam estar
equilibrados e, agora, o homem criou ferramentas e armas fisicas e intelectuais
para desequilibrá-los completamente! Demos ferramentas mecanicistas
às pessoas sedentas de poder! Estou dizendo que vocês, homens,
perderam o controle! E vocês, eu, todos nós somos as vítimas.
Então qual é o risco ou o erro em darem uma chance a outro
princípio?
Pensamento
ecológico - Toda manhã eu tento entender a linguagem
da natureza: 'As pedras falam, e eu me calo'. Gosto de escrever isso,
a que eu chamo de 'pensamento ecológico', em oposição
ao pensamento cartesiano. Gostaria de propor um novo modo de ver as coisas,
que nos ajudasse a superar esta crise de percepção.
Descobri que pensar de maneira ecológica simplesmente faz mais
sentido. Dá uma compreensão mais firme da realidade, dá
força. Saber é poder, sim, mas no sentido de poder pessoal,
e não do velho impulso masculino de ter poder sobre outros.
Foi Isaac Newton, na verdade, que o concretizou, que o transformou em
teoria científica, em poder. Veneravam Newton quase como a um Deus,
reduzindo todo fenômeno físico ao movimento de partículas
causado pela força da gravidade. Ele conseguia descrever o efeito
exato da gravidade em qualquer objeto, com equações precisas.
Chamadas de Leis do Movimento, elas são o maior feito da ciência
no século XVII.
Bem, nas mãos certas, ou melhor, nas mentes certas tais equações
funcionavam lindamente. Eu poderia usar as leis de Newton para explicar
cada movimento. Era um feito tão incrível para a época,
que essas leis logo foram adoradas como a teoria correta da realidade,
as leis finais da natureza.
O sonho cartesiano do mundo como uma máquina perfeita tornara-se
um fato consumado. Isto trouxe inúmeros benefícios às
pessoas. Elas podiam fazer coisas com as quais nem sonhavam antes. Era
irresistível e, claro, a velha noção do mundo como
um ser vivo, sumiu do mapa.
Lembrem-se de que todos os conceitos newtonianos baseavam-se em coisas
que podiam ser vistas ou ao menos visualizadas. Mas o que estavam descobrindo
neste mundo estranho e novo eram conceitos que não podiam mais
ser visualizados.
Ao se depararem com os absurdos fenômenos da física atômica
tiveram de admitir que não tinham uma linguagem, nem mesmo uma
forma adequada de pensar nas novas descobertas. Foram obrigados a pensar
em conceitos radicalmente novos. Para entender porque a matéria
é tão sólida precisavam desafiar até as idéias
convencionais sobre a existência da matéria, e após
muitos anos de frustrações tiveram de admitir que a matéria
não existe com certeza e em lugares definidos, mas sim, mostra
tendência a existir. Em linguagem científica, não
falamos em tendências, falamos em probabilidades. Todas as partículas
subatômicas, elétrons, prótons e nêutrons, manifestam
essa estranha existência entre potencialidade e realidade. Então,
no nível subatômico não há objetos sólidos.
Portanto o que toma a rocha sólida, vai além do poder da
nossa imaginação. Não posso explicar isto visualmente
a vocês, e sim usar equações. Não há
metáforas possíveis. 'Se as portas da percepção
se abrissem , tudo pareceria como é', disse William Blake.
Ética universal - A vida é um monte de padrões
de probabilidades de conexões. Essas probabilidades não
são probabilidades de coisas e, sim, probabilidades de conexões.
Uma partícula é, essencialmente, um conjunto de relações
que se estendem para se conectarem à outras coisas. Conexões
de outras coisas, mas que também são conexões, e
assim por diante. Na física atômica, nunca se tem objetos.
A natureza essencial da matéria não está nos objetos,
mas nas conexões.
A essência do acorde está nas relações. É
a relação entre a duração e a freqüência
que compõe a melodia. As relações formam a música.
As relações formam a matéria. Esta visão do
universo feito de harmonia de sons e relações não
é uma descoberta nova. Os físicos estão apenas provando
que o que chamamos de objeto, átomo, molécula ou partícula,
é só uma aproximação, uma metáfora
No nível subatômico, há uma troca contínua
de matéria e energia Somos todos parte de uma teia inseparável
de relações.
Assim como a luz, muitas outras partículas de alta energia, os
raios cósmicos, bombardeiam a Terra. Todas essas partículas
colidem com o ar e criam mais partículas, interagem, criam e destroem
outras partículas, e nós estamos no meio da dança
cósmica de criação e destruição. Todos
nós, todo o tempo.
Sabiam que nunca falamos de responsabilidade na universidade, nem nunca
discutimos ética no meu tempo?
Nunca nos ensinaram valores morais. Ninguém nos impôs a sabedoria
dos índios americanos que tomavam todas as decisões pensando
na sétima geração. Nunca nos ensinaram a pensar no
futuro assim. A ciência pura não existe mais! O cientista
não se tranca em seu laboratório e escolhe o assunto que
mais o fascina. A ciência é cara, e o Pentágono, que
paga a maior parte dela, é que decide o que é fascinante.
70% da pesquisa científica nos EUA, atualmente, é paga pelos
militares.
Partido verde - Pacifistas, ambientalistas, feministas, veteranos,
eles foram todos para o Partido Verde, o que mostra que o pensamento ecológico
está ficando mais forte. As pessoas vêem o quadro geral,
vêem que as questões estão relacionadas.
Acho que lidamos com um processo histórico tão profundo
que nem os americanos resistirão muito.
Quando olho para o campo científico, vejo um padrão, a mesma
noção holística surgindo. Pensar em processos, e
não em estruturas. Isto está acontecendo nos EUA também.
Quando algo toma conta do meio cientifico, espalha-se para todo o canto,
quer nós gostemos, quer não.
Estou tentando fazê-los aceitar uma visão, mas vocês,
políticos, só estão interessados na embalagem. Acho
que enquanto continuar a ver as coisas nessa velha ótica patriarcal,
cartesiana, newtoniana, vocês deixarão de ver o mundo como
ele realmente é. Vocês, eu, todos nós precisamos de
uma nova visão do mundo, e de uma ciência mais abrangente
para nos apoiar.
Há uma teoria surgindo agora que coloca todas as idéias
ecológicas de que falamos numa estrutura científica coesa
e coerente. Nós a chamamos de Teoria dos Sistemas, dos Sistemas
Vivos. Todos os seres vivos, bem como os sistemas sociais e os ecossistemas.
Essa teoria ajudaria muito na compreensão das ciências que
lidam com a vida. Isto é ciência, e muitos cientistas, incluindo
alguns prêmios Nobel, têm trabalhado nestas idéias.
Isto é ciência , mas de um tipo novo. Em vez de picotar as
coisas, ela olha para os sistemas vivos como um todo.
Um cartesiano olharia para uma árvore e a dissecaria, mas aí
ele jamais entenderia a natureza da árvore. Um pensador de sistemas
veria as trocas sazonais entre a árvore e a terra, entre a terra
e o céu. Ele veria o ciclo anual que é como uma gigantesca
respiração que a Terra realiza com suas florestas, dando-nos
o oxigênio .0 sopro da vida, ligando a Terra ao céu e nós
ao Universo. Um pensador de sistemas veria a vida da árvore somente
em relação à vida de toda floresta Ele veria a árvore
como o habitat de pássaros, o lar de insetos. Já se vocês,
políticos, tentarem entender a árvore como algo isolado,
ficariam intrigado com os milhões de frutos que produz na vida,
pois só uma ou duas árvores resultarão deles. Mas
se vocês virem a árvore como um membro de um sistema vivo
maior, tal abundância de frutos fará sentido, pois centenas
de animais e aves sobreviverão graças a eles.
Interdependência - A árvore também não
sobrevive sozinha. Para tirar água do solo, ela precisa dos fungos
que crescem na raiz. O fungo precisa da raiz e a raiz do fungo. Se um
morrer, o outro morre também. Há milhões de relações
como esta no mundo, cada uma envolvendo uma interdependência
A teoria dos sistemas reconhece esta teia de relações, como
a essência de todas as coisas vivas. Só um desinformado chamaria
tal noção de ingênua ou romântica, porque a
dependência comum a todos nós é um fato científico.
Uma teia de relações. Sim, mas desta vez é a própria
teia da vida
A teoria dos sistemas realmente dá o perfil de uma resposta àquela
questão eterna: o que é a vida?
Na linguagem dos sistemas, a resposta seria que a essência da vida
é a auto-organização. E significa algo específico,
também. Significa que um sistema vivo se mantém, se renova
e se transcende sozinho. Um sistema vivo, embora dependa do ambiente,
não é determinado por ele. Os campos de centeio nesta ilha
francesa deveriam ser verdes o ano inteiro, por causa das chuvas. Mas
todo verão eles ficam amarelos. Por quê ? Para usar uma metáfora,
cada planta se '1embra' que surgiu no clima seco do sul da Ásia.
Ela 'lembra', e nem o clima muito diferente muda este mecanismo. Ela se
mantém e se organiza sozinha.
Nós, por exemplo, como todo ser vivo, nos renovamos sempre em ciclos
contínuos. Bem mais rápido do que imaginam Sabiam que o
pâncreas humano substitui a maior parte de suas células a
cada 24 horas? Acordamos com um pâncreas novo todos os dias e uma
nova mucosa gástrica também. Nossa pele descama à
razão de milhares de células por minuto. Sabiam que a maior
parte do pó das nossas casas é só pele morta?
Ao mesmo tempo que as células mortas caem, um igual número
se divide e forma a nova pele. Assim a vida se renova. Embora as células
sejam trocadas, reconhecermos um ao outro porque o padrão de nossa
organização continua o mesmo. Esta é uma das características
importantes da vida: mudança estrutural continua, mas estabilidade
nos padrões de organização do sistema E há
a autotranscendência.
A auto-organização não consiste apenas nos sistemas
vivos se manterem e se renovarem continuamente. Significa também
que têm uma tendência a se transcenderem, a se estenderem,
e a criarem novas formas. Esta para mim, é uma das partes mais
emocionantes de entender a vida A dinâmica evolutiva básica
da vida não é a adaptação. É a criatividade.
A criatividade é um elemento básico da evolução.
Cada organismo vivo tem potencial para a criatividade, para surpreender
e transcender a si mesmo. Para criar beleza também Evolução
é muito mais do que adaptação ao meio ambiente. 0
que é o meio ambiente senão um sistema vivo, que evolui
e se adapta criativamente?
Então, quem se adapta a quem?
Um se adapta ao outro. Eles coevoluem. A evolução é
uma dança em progresso, uma conversa em progresso.
'Não evoluímos no planeta, evoluímos com o planeta'.
Então, não seria extraordinário e poderoso se pudesse
introduzir só essa idéia no diálogo político?
A questão central é a busca obsessiva do crescimento! Isso
precisa parar.
Para começar, é dando importância à próxima
geração e à seguinte. Foi só quando não
as incluímos em nossas teorias científicas e na busca do
crescimento, que colocamos toda a vida em perigo.
Pensem apenas no fato horripilante de estarmos deixando para nossos filhos
o mais venenoso dos detritos: o plutônio! Ele continuará
venenoso até a próxima geração, e a seguinte.
Continuará venenoso por meio milhão de anos!
Nunca deveríamos ter aceitado a teoria de que saber é poder,
nem a idéia de que o que é bom para a GM é bom para
os EUA!
Precisamos de uma sociedade sustentável, em que nossas necessidades
sejam satisfeitas sem diminuir as possibilidades da próxima geração!"
*Igor Ribeiro
é jornalista e, sem saber, colaborador do EmCrise.
|